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Comunidade e Emagrecimento: "Diga-me com quem andas e te direi quanto pesas?"

Alimentar Autonomia - Edição #006

Olá, como vai você?

O que teremos nessa edição:

  • Porque vivemos em comunidade

  • Genética x Ambiente

  • Impacto das relações nas nossas rotinas

  • O que fazer?

  • O rotineiro:

    • Download Mental: Uma recomendação de conteúdo

    • "Skin in the Game": Prestação de contas

    • "Torta de (C)limão": Uma provocação

"O homem é um animal social".

A frase, creditada a Sócrates, traz o conceito de que o ser humano, compreende um animal colaborativo. Ou seja, que gosta e precisa viver em comunidade. Não posso afirmar com certeza de que tenha sido Sócrates o idealizador da frase, mas convenhamos, é inquestionável.

Desde sempre, o homem precisou de grupos para sobreviver. Imaginem na pré-história: era preciso pertencer a um grupo, tribo, ou qual seja o nome dado para o coletivo de "homens das cavernas". Sua integridade física dependia disso. Sua alimentação, sua segurança e o acesso a abrigo contra as intempéries da natureza.

Com o tempo e a organização da civilização, mais ou menos como a conhecemos hoje, nada mudou. Pertencer a um grupo ainda era parte vital da existência humana e aumentava drasticamente suas chances de prosperar.

Aprendemos a coexistir, colaborar e cooperar pelo bem do grupo. Entretanto, para pertencer a um grupo, necessitamos ser reconhecidos por seus integrantes. Para tal, passamos a mimetizar, quase inconscientemente, hábitos e características comuns e desejadas por tal indivíduos. Na prática, temos nossos gostos e desejos moldados pelos gostos e desejos daqueles cuja aceitação almejamos.

Sua mãe pode até dizer que "você não é todo mundo", mas você continua querendo ser igual a todo mundo.

Tais características sociais mantiveram-se ao longo do tempo, até os dias atuais, organizamo-nos em diversos grupos. Pare por um segundo e reflita sobre algumas características suas. Seu corte de cabelo, seu estilo de se vestir, falar (gírias que usa, ou não) e até mesmo pensar (ideologias políticas, por exemplo). Existem grandes chances de que todos eles sejam iguais, ou no mínimo, bastante semelhantes aos dos seus amigos mais próximos.

"Somos a médias das cinco pessoas com que mais convivemos"

Jim Rohn

Você já se deparou com essa frase. Não consigo me lembrar quando a vi pela primeira vez. Meus traços de adolescente revolucionário não concordaram num primeiro momento. É um clichê. Mas como disse Mano Brown na faixa clássica, "Nego Drama": "Ca#$%lho! Eu também não consegui fugir disso aí. Sou mais um".

Comunidade deriva do latim "COMMUNITAS" que significa "comunidade, companheirismo". A origem deste, vem de "COMMUNIS", que traduzido seria algo como "comum, geral, compartilhado por muitos". Entendo que a palavra comunidade possua aplicação sócio-política bastante mais complexa que isso, e que essa simplificação do termo pode gerar discórdia. Entretanto, peço a "licença poética" para utilizar o termo para o assunto que abordaremos, considerando como um grupo de pessoas que compartilhem algo em comum.

Mas pera lá, o que isso tudo tem a ver com emagrecimento?

Nossa Primeira Comunidade

Não escolhemos onde nascemos, tão pouco a família em que nascemos. Bom ou ruim, é o que é. Nascemos inseridos em uma comunidade familiar. Recebemos uma carga cultural e histórica automaticamente. Herdamos muito mais que características físicas. Hábitos, valores e visões de mundo. Todos estes, "pré-determinados".

Uma das principais queixas no consultório de alguém que trabalhe com emagrecimento, como eu, é sobre a tal "genética ruim". Mas será que nosso DNA é tão importante e definidor de nossa composição corporal?

A resposta simples e não tão agradável é que SIM. Diversos estudos trazem resultados confirmatórios quanto a obesidade sofrer influência genética. Apetite, saciedade, gasto energético, definição muscular e acúmulo de gordura. Todos são correlacionados em certo ponto com características genéticas. Nem todos nascemos com o potencial de se tornar fisiculturistas premiados ou atletas olímpicos.

Mas então, acabou? Nosso corpo e saúde já estão pré-determinados?

O que fazer, caso você não tenha ganho na loteria genética?

Acredite nos seus sonhos, mas nem sempre no que sua vó fala!

Nascemos com um leque de características pré-determinadas. O que não significa que não possamos alterar ou, otimizar, muitas delas. Lembre-se que seus pais e familiares ensinaram muitas outras coisas que não foram transmitidas a você pelo código genético. O mais importante deles, são os hábitos.

Hábitos são ações ou comportamentos automatizados e repetidos com frequência. Quando pensamos num processo de emagrecimento, aumento a importância de três grupos de hábitos em especial:

  1. Alimentares.

  2. Atividades Físicas.

  3. Mentalidade.

Hábitos Alimentares

Você se lembra do que teus pais te davam no café da manhã? Você se lembra qual era o prato servido no clássico almoço de domingo em família? Comemos o que aprendemos a comer. Quando pequenos, não temos voz ativa para escolher o que comeremos. Não temos o dinheiro para ir ao supermercado e encher o carrinho de nuggets ou refrigerante. Assim como não temos a autonomia de ir à feira local e lotar a geladeira de horti-fruti.

“Brócolis de novo?”

O paladar é desenvolvido através da alimentação a que somos expostos na infância. Sim, você não é o único responsável por só gostar de pizza e sorvete. Os pais desempenham um papel fundamental na construção de um paladar diversificado e saudável. Insistir na ingesta de frutas e alimentos saudáveis durante os primeiros anos de vida pode mudar o jogo no futuro.

O termo "paladar infantil" nunca me agradou, até porque, o paladar de uma criança ainda não está formado. Está em desenvolvimento (como todo o resto). O resultado dele, o "paladar do adulto", é que terá gostos bem definidos, limitações e preferências específicas.

Atividades Físicas

Qual foi o primeiro esporte com que você teve contato? Muitas pessoas mantém na vida adulta hábitos criados na infância. O "futebol de quarta a noite" é um vestígio das tardes inteiras jogando bola com os amigos do bairro. Grande parte dos hábitos esportivos nascem como cópia dos pais.

Eu, por exemplo, nunca fui um cara do futebol. Não torço para time nenhum e, não me animo sequer durante a Copa do Mundo. Chega a me incomodar tamanha a comoção gerada. Quase uma heresia, vivendo no Brasil, o "país do futebol", eu sei. A única recordação que me vem em mente, é do dedo quebrado que meu irmão ganhou quando tentamos jogar bola na área de casa quanto tinha por volta de quatro anos.

Meu pai? Idem. Não me recordo dele participando ou envolvido em jogos de futebol. Seja como praticante ou entusiasta. Nada. Entretanto, me lembro nitidamente das aulas de natação que tive junto a eles por quase toda minha infância.

Mentalidade

Este terceiro grupo de hábitos herdados de nossas famílias é um pouco mais complexo de exemplificar. Apesar de subjetivos e de origens difíceis de se definir, nossos padrões de pensamento influenciam bastante os nossos resultados durante um processo de emagrecimento.

Como você aprende a enfrentar problemas, a encarar mudanças e a se adaptar (ou não), é uma "herança" que impacta muito na sua qualidade de vida. Antes que você culpe seus pais e acabe com a reunião familiar do dia das mães, lembre-se:

"Você não pode voltar e mudar o começo, mas você pode começar de onde está e mudar o fim"

C.S. Lewis

Eu seria capaz de listar dezenas de hábitos ruins com os quais tive de lidar durante meu processo de emagrecimento. Entretanto, só fui capaz de lidar com eles devido aos outros hábitos positivos e habilidades que desenvolvi com a ajuda direta ou indireta da minha família. Existem sim, situações mais complexas e mais graves que outras. Mas, no fim, como você lida com o que acontece contigo, é tão importante quanto o que, de fato, acontece ("momento coach motivacional").

Comunidades Escolhidas

Conforme envelhecemos, adentramos inúmeras comunidades adicionais. Grupo da escola e faculdade onde estudamos, amigos dos esportes que praticamos, instituições religiosas que frequentamos, colegas de profissão e por aí vai. O grande diferencial é que estas novas comunidades são opcionais. Escolhemos pertencer a elas.

É da natureza humana mimetizar e replicar comportamentos bem vistos pelos seus semelhantes. É nossa "programação de fábrica". Tudo remete àquele papo sobre sobrevivência e pertencimento que tivemos no início do texto. Quanto pensamos nas comunidades que escolhemos, funciona assim: Um interesse comum nos aproxima no início, mas outras características acabam sendo compartilhadas com o passar do tempo. É como se fossemos um guardanapo, absorvendo o líquido que entra em contato automaticamente.

O Ponto Negativo:

A problemática dessa dinâmica é que, mimetizamos comportamentos sem julgar sua real utilidade. Não escolhemos o que iremos copiar e adicionar nas nossas rotinas. As consequências dos novos padrões podem não estar alinhadas com nossos objetivos pessoais.

Imaginemos que seu grupo de colegas de trabalho tenha por costume frequentar o bar da esquina na sexta-feira após o expediente. Entretanto, todos eles fumam e bebem mais que um Opala 77. Existem grandes chances de que você se sinta atraído a fumar e a consumir álcool ao conviver com eles. Ou ainda, imagine que sua esposa seja apaixonada pela pizza de quatro queijos de um restaurante local e peça sempre que vocês não tem tempo de preparar o jantar. Dificilmente você conseguirá manter uma dieta mais controlada estando exposto a tantas tentações.

“Fique longe de pessoas que tentam desacreditar suas ambições. Mentes pequenas sempre farão isso, mas grandes mentes irão te fazer sentir que você também pode ser grande." Mark Twain

Não estou falando que pedir demissão do emprego vai te ajudar a parar de fumar, nem muito menos para que termine seu casamento antes de começar uma dieta. O raciocínio não é tão simplório assim, infelizmente.

O Ponto Positivo:

A questão é: podemos e devemos buscar inserção em comunidades que facilitem nossos objetivos individuais. Ter a seu lado no dia-a-dia pessoas que compartilhem metas contigo, facilitam a adesão à hábitos benéficos. Uma das grandes mudanças no meu processo de emagrecimento, foi conseguir retomar a prática de atividades físicas regulares.

A única prática esportiva que tive com frequência significativa na minha vida até a idade adulta, fora a natação. Como disse anteriormente, o hábito foi inserido pelos meus pais quando ainda era pequeno o suficiente para não alcançar o pé no fundo da piscina. O problema é que ele se perdeu quando eu alcancei por volta de 15 anos de idade.

Na época, o ritmo de estudo intensificou devido a preparação para o vestibular que se aproximava, e a logística da época impediu que eu mantivesse a prática. Durante a faculdade nada mudou e o esporte não fizera parte significativa da minha rotina. A vida pós formatura se mostrou ainda menos fácil de gerenciar, e por muito tempo tive zero atividade física.

Quando iniciei meus estudos de nutrologia, já na pós-graduação, o convívio com os demais médicos do curso me fez perceber o quanto eu destoava do grupo quando o assunto era atividade física. Me senti na obrigação de buscar um esporte para chamar de meu. Mal sabia eu que esse era meu homem das cavernas interior buscando pertencimento à nova tribo.

O “scaled” feliz achando que era “RX”

Fui bastante feliz na minha jornada e me deparei com um personal trainer bastante diferenciado. Fred era um cara experiente, formado em educação física e acostumado a lidar com alunos sem o hábito prévio de se exercitar. Apesar de sempre buscar qualificação técnica, o que mais me impressionou era a capacidade que ele tinha de unir as pessoas e criar comunidade.

Mesmo treinando em horários individuais, ele fazia questão de conectar seus alunos entre si. Criava treinos coletivos aos fins de semana. Reunia todos em eventos "extra-curriculares", de corridas de rua a festa de fim de ano. Formamos uma comunidade, e por muito tempo servimos de apoio uns aos outros como uma família, com um mesmo objetivo.

Passei por algumas mudanças de endereço até me fixar no meu atual apartamento no centro de Curitiba, e a logística me obrigou a buscar outros grupos para a prática de atividade física. Independente de onde esteja, percebi que a rotina de "movimentar-se" é mais fácil quando vinculada a um grupo. Por várias vezes tentei manter o hábito sozinho, e falhei.

Hoje, pratico Crossfit em uma box a poucas quadras de casa. A modalidade acabou sendo escolhida por influência do Fred, o cara que me tirou do sedentarismo citado anteriormente. Mas o importante mesmo é se sentir parte de algo maior que te motive a continuar a busca por evolução.

Como encontrar uma comunidade?

Você deve estar pensando nesse momento: "Ah, mas eu não tenho uma box de Crossfit perto de casa" ou então "Não conheço o Fred e ninguém me ajuda a se exercitar". E sim, você está certo. Ninguém conhece de fato todas as suas dificuldades. E eu fui sim, bastante sortudo na minha jornada, como já disse anteriormente.

Entretanto, desde a criação da internet, o homem perdeu suas amarras geográficas. Não estamos mais limitados às comunidades que nos circundam fisicamente. Você pode morar em uma cidade pequena no interior do país, e pertencer a uma comunidade específica sobre qualquer que seja o tema de interesse.

Conecte-se com quem deseja o mesmo que você. Sites e blogs sobre emagrecimento estão a literalmente um clique de distância, e podem te conectar com profissionais e não profissionais que vivenciam os mesmos desafios que você. Newsletters como essa, são cada dia mais comuns (fora do Brasil existem há anos) e entregam conteúdo de qualidade direto na sua caixa de entrada via e-mail.

Redes sociais, apesar das inúmeras armadilhas envoltas, são alternativas para acompanharmos o universo que queremos. Molde o que consome. Seja o arquiteto do seu ambiente e não apenas uma "vítima do algoritmo". Dieta também compreende o conteúdo que "ingerimos", não só os alimentos que comemos.

Conclusão

Busque a companhia de quem já alcançou seus objetivos. Torne seus "hábitos difíceis" em "hábitos comuns", pertencendo ao grupo certo de pessoas. Muitos se assustam quando digo que é mais fácil mudar de ambiente do que mudar o ambiente. Não é sobre "usar" as pessoas, é sobre pertencer ao grupo correto.

Quando você faz parte de um grupo com um mesmo objetivo, os desafios parecem menores

Entenda que sua presença no grupo, é tão importante para os demais membros quanto a deles para você. Não é interesse quando todo mundo ganha. Ou melhor, é, mas é um interesse coletivo. Independente do seu porque, de que adianta alcançar seus objetivos sozinho?

“Felicidade só é verdadeira quando é compartilhada”

Henry Thoreau

"Download Mental":

🎞 Filme "Into the Wild" (Na Natureza Selvagem)

Filme antigo, mas que tem correlação direta com o tema desta edição. No longa, o protagonista, inconformado com o "status quo" da sua realidade, em especial com pai e comunidade local, decide partir em busca de sentido. Embarca em várias aventuras e perrengues durante o processo e, ao fim, traz uma reflexão sobre o que de fato é felicidade, ou melhor, sobre como ela deve ser degustada.

"Skin in the Game":

Nenhuma mudança recente no planejamento, mas os resultados seguem aparecendo. Seguindo a máxima "não mexe em time que tá ganhando". Apesar disso, sigo fazendo experiencias quanto a horários de refeições e combinações de alimentos. Buscando maior saciedade e bem estar, não só o resultado na balança.

🎲 Dados:

Idade: 33 anos
Altura: 1.83 cm
Peso: 88.1 kg
BF: 17.3%
IMC: 26.3 (Sobrepeso)

🧩 Modificadores:

Atividade Física: Crossfit 1h/dia, 5x semana (Moderadamente Ativo)
Objetivo: Perda de Peso (Déficit Calórico 10%)
Estratégia Nutricional: Dieta Flexível
Quantidade de PTN: 2.2g/kg corporal
FAT/CHO: 1:1

🎯 Metas Diárias:

BMR: 1874 cal
TDEE: 2905 cal

Expectativa:

Calorias: 2682
Macros:
PTN: 31% = 205 g

Realidade:

Calorias: 2707
Macros:
PTN: 27% = 173 g

📈 Observações:

A média diária de calorias ficou ligeiramente acima do previsto, mas o emagrecimento se manteve. Lembrem-se, a meta calórica de 2682 já contém um deficit de 10%, então 2707 calorias ainda se encontra dentro dessa margem. Não comprometendo o deficit calórico.

Falhei (miseravelmente) em manter a quantidade de passos diários nas últimas semanas. Acredito que eu precisaria adicionar uma caminhada ou corrida diariamente na minha rotina. Ainda é uma alternativa, só não se tornou uma prioridade. Vejamos a próxima semana!

Sigo na luta buscando aumentar a ingesta proteica! 💪🏽🐔

💚 ☕ 🍋 Torta de (C)limão

Torta de limão da lojinha da esquina. Feia, despretensiosa, servida em embalagem de isopor, mas uma das melhores que comi nos últimos tempos.

Li a transcrição de uma entrevista do Michael Jordan essa semana. Adoro biografias, entrevistas e textos em geral sobre pessoas que alcançaram algo notável. Esportistas, em especial, costumam trazer ensinamentos práticos e replicáveis, não só para o mundo dos esportes. Uma das frases que mais me chamou atenção foi a seguinte:

“Why would I think about missing a shot that I haven’t taken yet?”

Michael Jordan

A tradução da frase é algo como "Porque eu deveria pensar sobre errar um arremesso que eu ainda não dei?". Ou seja, quantas vezes deixamos de tentar ou fazer algo, simplesmente por medo dos possíveis resultados ruins. Acaba que o medo da mera possibilidade de fracassar, te impede da possibilidade de ser bem sucedido.

"Que estratégia você já quis experimentar e nunca teve coragem de pôr em prática?”

Pode ser alguma estratégia alimentar, dieta específica ou até um esporte diferente. Já pensou que essa estratégia nunca posta em prática pode ser um divisor de água nos seus resultados?

Caso faça sentido para você:

  1. 🥇 Está cansado de seguir dietas mirabolantes e de não alcançar seus objetivos? Você não precisa enfrentar esse desafio sozinho.

    📍🗓 Agende sua consulta AQUI.

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Werde der du bist 🪞🎯 
Câmbio,
Carlos E. Silva