Ceramista Artesão ou Operário de Olaria? Quem é você quando o assunto é dieta

Mãos e unhas sujas de barro.

Óculos embassado, testa suada e coque samurai mal feito sem poder ser arrumado.

Dor nas costas devido à postura a mais de duas horas.

Mas a única coisa que me incomodava, era a professora acelerando meu processo de criação.

Participei de uma aula experimental de cerâmica no último sábado.

Foi uma aula introdutória voltada para ensinar o básico da prática e permitir uma experiência.

A turma era composta por vinte pessoas, de diferentes formações.

Duas professoras conduziam a atividade, e uma delas, aparentava certa inquietação.

Algo agitada, talvez, até incomodada.

Passei incontáveis horas na infância criando pokémons e diversas outras miniaturas de criaturas fantasiosas utilizando massinha de modelar.

Isso não me torna um escultor, ceramista ou nada do gênero.

Entendo que, sendo meu primeiro contato com o método e materiais ali disponíveis, sou um iniciante.

Como tal, decidi ouvir atento às explicações da instrutora.

Ela tinha um cronograma planejado de tarefas a serem cumpridas e um processo bem consolidado de como deveriam ser realizadas.

Suas explicações eram claras, compreensíveis e bastante elucidantes.

Confesso ter encontrado uma espécie de paz, e entrado em um estado de "flow".

Sabe aquele estado de concentração e foco aumentados?

O que para mim era uma experiência magnífica, tornou-se um problema aos olhos da instrutora.

Minha atenção à atividade reduziu minha percepção de tempo e, até mesmo minha atenção ao externo (incluindo as explicações dela).

Senti seu desconforto crescer conforme eu utilizava uma ferramenta diferente da sugerida para moldar a peça.

A experiência foi ótima. Inclusive, especialmente boa pelo relato acima.

A reação de desconforto da instrutora me fez pensar em:

1. Quão condicionados estamos a seguir instruções;

2. Quão desacostumados estamos à questionar métodos e processos;

3. Quanto perdemos a capacidade de criar.

Eu não sou o novo Francisco Brennand e ela não é uma professora carrasca.

Não é preciso ser um gênio expoente da arte para questionar ou até, criar algo novo.

Curiosidade.

Esse é o único pré-requisito para tal façanha.

Curiosidade é a mãe do aprendizado e de todo conhecimento.

Nada novo é criado sem que uma faísca de curiosidade incendeie os motores do trem da invenção.

A metáfora acima foi péssima, mas você entendeu. Vamos ver se a próxima vai fazer sentido.

O Ceramista Artesão

Imagine um artesão. Um ceramista (já que começamos nessa área).

Um profissional que cria objetos manualmente, originais, utilizando técnicas tradicionais e habilidades específicas. Seguindo uma forte atenção aos detalhes.

O trabalho do artesão é a combinação de criatividade, habilidade manual desenvolvida e conhecimento técnico acumulados ao longo da sua experiência.

A valorização da qualidade e durabilidade de suas peças exige um processo de produção lento e cuidadoso.

Sua liberdade em criar o que quiser, lhe custa agilidade.

A profissão exige maturidade, paciência e trabalho duro.

O aprendizado nunca acaba. A evolução precisa ser constante.

Seguir suas próprias regras é gratificante no longo prazo.

A Olaria

Uma olaria também trabalha com argila.

Ela produz tijolos e telhas seguindo um molde pré-fabricado.

Nada é personalizado ou feito especificamente para as necessidades de alguém específico.

Pouco é necessário saber além das regras básicas do processo de fabricação.

O foco aqui é a produtividade, quantidade e venda das peças em larga escala.

Quanto mais rápido, melhor. Afinal, ter o produto à pronta entrega é necessário

Não importa que alguns tijolos quebrem durante o processo.

Perdas e falhas são aceitáveis e não prejudicam o desempenho final.

O formato de um tijolo é o mesmo a dezenas de anos. Talvez centenas.

É assim porque é. Não cabem questionamentos quando não se tem espaço para criatividade.

As regras são rígidas e imutáveis. Prazos (curtos) precisam ser cumpridos.

A Dualidade

Existem duas formas de se portar perante as áreas da vida:

1. Agir consciente e intencionalmente, como um artesão;

2. Agir no automático, como um operário na linha de produção de uma fábrica.

Essa dualidade é uma constante na existência humana.

Aplica-se aos nossos relacionamentos: você pode namorar e se casar com a pessoa que esperam que seja boa para você, ou pode construir um relacionamento profundo diariamente.

Ela se aplica à sua vida profissional: você pode fazer o vestibular para uma profissão "tradicional" e "segura", tornar-se um advogado, médico ou engenheiro, ou você pode mesclar seus interesses e habilidade e criar uma forma de rentabilizar isso com prazer.

Ela se aplica também a processos de emagrecimento.

Você pode seguir a dieta e os conselhos de um influencer qualquer atrás do seu corpo perfeito, ou pode analisar suas escolhas e criar uma rotina sustentável e hábitos compatíveis com resultados reais e duradouros.

Acredito que essa dualidade se aplique a tudo.

A briga no final, é uma escolha, entre:

- Rápido x Lento;

- Apressado x Progressivo;

- Imediatismo x Consistência;

- Temporário x Duradouro;

- Limitações x Liberdade;

- Infantil x Maturidade;

- Preguiçosa x Trabalho duro;

- Copiar x Criar;

- Imposições x Suas escolhas;

- Padronizada x Personalizada;

- Fácil x Difícil;

A lista de adjetivos antagônicos possíveis é infinita.

Valorização cíclica da artesanabilidade

Abandonamos a artesanabilidade da vida quando abraçamos a promessa de progresso da industrialização.

Tudo passou a ser feito em larga escala. Móveis, comida, roupas, pratos e xícaras.

Nos locomovemos em larga escala utilizando veículos, aviões e deixamos de andar, por pressa.

Não cozinhamos mais em casa seguindo a receita de família ensinada pela sua bisavó. Nos alimentamos em restaurantes de fast food, pois precisamos comer mais rápido.

Não montamos móveis nem reformamos as coisas em casa, compramos novos e mandamos um montador fazer o serviço pesado.

Crianças não fazem mais pesquisas para o colégio quando se tem a opção de escrever meia dúzia de perguntas para o ChatGPT.

Até nos relacionamos em larga escala utilizando mídias sociais e aplicativos de namoro.

Perdeu-se a habilidade de criar. O trabalho manual, lento, criativo, artesanal, tornou-se raro.

Entretanto, nos últimos anos, vivenciamos uma retomada da valorização do artesanal.

Padarias artesanais estão em todas as esquinas.

Aulas de cerâmica e marcenaria vivem lotadas.

Restaurantes adotam uma filosofia "slow food" para agradar os clientes.

Vivemos uma chamada "gourmetização" das coisas.

O que é melhor?

É impossível sermos "artesões" em todas as áreas da vida.

Precisamos focar nas áreas que valorizamos mais.

Não cabe a mim decidir o que é melhor.

Ao menos não sobre todos os assuntos. Ao menos não para todas as pessoas.

Já é trabalho suficiente decidir para mim, sobre os assuntos que me importam.

Você deveria fazer o mesmo.

Decidir quais áreas da vida importam.

Decidir o que é melhor para você.

Você deve decidir em quais áreas ser um artesão.

Raciocínio a partir dos princípios primordiais

Quando decidimos mudar a realidade de algo em nossas vidas, precisamos aplicar energia naquilo.

A energia das pessoas pode ser mensurada de algumas formas: tempo, energia física, energia mental, recursos, habilidades, conexão com outras pessoas, etc.

Definir uma estratégia para aplicar sua energia é como você deseja que algo seja realizado.

É aí que a diferença aparece. Pessoas convencionais pensam:

"Nós fazemos assim porque sempre foi feito desse jeito".

Ou ainda, deixam de fazer algo, pois pensam:

"Bem, ninguém nunca fez isso, então não deve ser bom".

Questione. Duvide. Inove. Crie.

Qualquer área do conhecimento possui fundamentos. Princípios primordiais. Chamemos de o "conhecimento básico".

Você aprende o "conhecimento básico", olha para ele e constrói seu raciocínio sobre aquilo.

O objetivo final é chegar a uma conclusão do que funciona (ou não).

Sua conclusão pode ser igual ou diferente à conclusão das pessoas que fizeram essa mesma analise antes de você.

O importante é que ela será SUA conclusão.

Por que tomar as rédeas?

Sensação de Propriedade

Protocolos mágicos estão na moda. Você chuta uma árvore e caem três gurus de emagrecimento.

Desenvolvi uma aversão à anúncios que propagam o "protocolo X" ou o "método Y".

Sendo um profissional da área de emagrecimento, confesso que me intriga ver promessas milagrosas sobre emagrecimento.

Clico sempre que possível. Juro que espero um dia encontrar algo disruptivo. Surpreendente.

Sou viciado na sensação que aprender algo novo me gera.

Infelizmente, até então, sigo na procura.

Não é que todos os conteúdos disponíveis na internet sejam ruins, enganosos ou fraudulentos.

Só me incomoda como resultados complexos são prometidos de maneira leviana.

Sei o que é estar do outro lado e já fui a pessoa que busca aflita por uma solução milagrosa.

É quase criminoso se aproveitar desse sentimento para emplacar vendas e lucrar.

O ponto é:

Quando se segue uma estratégia criada por outros, você não tem a sensação de propriedade.

A estratégia não foi criada para você. Os "porquês" não foram respondidos.

Conhecer sua dieta, suas rotinas e a si é o que gera consistência.

Alimentar sua Autonomia

Alimentamos diversos pensamentos condicionais no nosso "hall de desejos".

Acreditamos que seremos mais felizes quando certas condições forem preenchidas.

Quando tivermos mais dinheiro.

Quando tivermos o carro X.

Quando comprarmos o último modelo do celular da maça.

Quando tivermos um "tanquinho" no lugar da massa de pão que chamamos de barriga.

Por aí vai.

Não percebemos que para ter o que desejamos, precisamos fazer aquilo que não desejamos.

Qual o sentido disso?

Não defino sucesso como quando era mais novo (desculpem, falar no pretérito perfeito como se fosse um livro de história é um mal de quem acabou de fazer aniversário).

Sucesso para mim compreende Autonomia. A capacidade de tomar decisões por si só.

Escolher o que quero (e o que não quero) fazer.

Dizer e viver aquilo que acredito ser correto.

Não me importa o que é "chique" ou "está na moda".

Não me importa o que "os outros estão fazendo".

O que importa é liberdade.

Tomar as rédeas das áreas da vida com as quais você se importa, faz parte disso.

Conduzir com cuidado e zelo as decisões nesses campos te trará autonomia.

O que fazer?

Crie sua própria rotina de emagrecimento

Seu corpo (e tudo que diz respeito a ele) deveria ser uma área importante da vida.

Até o dado momento (e isso pode mudar), não podemos trocar nosso corpo por um novo quando acharmos que está velho demais.

Dieta, atividade física e tudo que influencia em como seu corpo desempenha são campos que valem a pena serem conduzidos com intenção.

Terceirizar isso é como deixar uma barra de ouro aos cuidados de desconhecidos, enquanto você protege moedas.

Tudo bem se não é uma prioridade para você.

Mas nesse caso, eu fortemente sugiro que você repense suas prioridades.

Como se tornar independente?

Aposto que você sabe quantos quilômetros seu carro faz com um litro de combustível.

Mas, duvido que saiba quanta proteína seu corpo precisa por dia.

Precisamos buscar o conhecimento e entendimento daquilo que queremos dominar.

Os princípios fundamentais de qualquer assunto podem ser aprendidos por iniciantes.

Você não precisa ser formado em engenharia mecânica para saber como seu carro funciona.

Você não precisa ser um diplomata para se inteirar do básico da política internacional.

Você não precisa estudar gastronomia na Le Cordon Bleu de Paris para preparar uma refeição.

Você não precisa ser um nutricionista, médico ou nutrólogo para criar sua própria dieta.

Você não precisa ser um atleta profissional ou um educador físico para fazer meia hora de exercícios por dia.

Você já entendeu.

Buscar sua verdade hipótese

Construir sozinho uma estratégia única é desafiador.

Você não precisa negar o conhecimento prévio existente, apenas aprender a questioná-lo.

Não existem verdades irrefutáveis na ciência. Pelo contrário.

O cerne da sua busca é o desejo de desmentir o que até então é tido como verdade.

A ciência trabalha com teorias.

Teorias são baseadas em evidências.

Evidências, entretanto, estão sujeitas a interpretações e ajustes. Ou ainda, sujeitas a serem invalidadas, dependendo dos novos dados que surjam.

O máximo que podemos é ter palpites fortes sobre as informações que temos num dado momento.

A ciência chama "palpites" de hipóteses.

Hipóteses são construídas para serem testadas. Entenda testadas como ação. "Por em prática".

Quando submetidas a testes, hipóteses podem se fortalecer ao ponto de serem consideradas uma teoria.

É assim que se constrói uma estratégia de emagrecimento.

Você cria hipóteses, parte para a ação e analisa o que acontece.

Dados começam a ser criados: seus resultados, feedbacks e novas informações obtidas.

Algumas partes da sua estratégia podem se provar eficazes. Outras nem tanto.

Novas ideias podem surgir durante o processo.

Ajustes se fazem necessários.

O processo recomeça.

Não tem fim.

Nunca.

"Download Mental":

📰 🙊🤐 The Quiet Life - Susan Cain

Venho consumindo os textos de Susan através de sua newsletter. A autora de "O Poder dos Quietos" ficou famosa após esse discurso no TED TALK. Sugiro a leitura (inglês) para os curiosos e introvertidos.

"Skin in the Game":

🎲 Dados:

Idade: 34 anos
Altura: 1.83 cm
Peso: 88.4 kg
BF: 17.1%
IMC: 26.4 (Sobrepeso)

🧩 Modificadores:

Atividade Física: Crossfit 1h/dia, 5x semana (Moderadamente Ativo)
Objetivo: Perda de Peso (Déficit Calórico 10%)
Estratégia Nutricional: Dieta Flexível
Quantidade de PTN: 2.2g/kg corporal
FAT/CHO: 1:1

🎯 Metas Diárias:

Completar 34 primaveras me fez pensar que já é hora de recalcular minha estratégia. Já venho com a mesma meta de calorias diárias há cerca de 3 meses, e mesmo ainda colhendo resultados positivos, acredito que um ajuste fino venha a calhar.

As variáveis que sofreram alteração foram idade (34) e peso (86.9kg). Todo o restante manteve-se imutável. Temos então:

BMR: 1849 cal
TDEE: 2866 cal
Meta Diária de Calorias: 2572
PTN ideal: 2.2 x 86.9 = 191.18 ≅ 192 g
PTN mínimo: 1.8 x 86.9 = 156.42 ≅ 156 g

Expectativa: (valores antigos)

Calorias: 2682
PTN: 205 g

Realidade:

Calorias: 2588
PTN: 25% = 159 g

📈 Observações:

Peso oscilante, como já evidenciado em outras pesagens. Nada novo.

A estratégia acabou de ser revisada com a pesagem anterior, porém nada muda.

O que fazer? Seguir o plano e aguardar novos resultados.

💚 ☕ 🍋 Torta de (C)limão

Após atrapalhar os planos malígnos de controle mundial da instrutora na aula de cerâmica, decidi buscar uma recompensa.

No caminho para casa cruzei com uma tradicional padaria artesanal.

Segundo as informações no cardápio, estão no ramo desde 1956.

Pedi uma "mini" torta de limão. Que momento, meus amigos.

Massa sequinha, porém amanteigada e crocante.

Recheio cremoso, não muito doce e com o sabor ácido característico do limão.

A cobertura, o clássico "merengue", vulgo "suspiro", com consistência perfeita.

Comeria quilos disso.

Temos aí um exemplo perfeito do quão próximo da perfeição um trabalho artesanal pode chegar quando lapidado ao longo dos anos.

"Já pensou em quão perfeito pode ser um programa de emagrecimento, criado por você, baseado em seus valores, seus objetivos e desejos, e refinado ao longo dos anos?"

Caso faça sentido para você:

1. 🥇 Está cansado de seguir dietas mirabolantes e de não alcançar seus objetivos? Você não precisa enfrentar esse desafio sozinho.

   📍🗓 Agende sua consulta AQUI.

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Werde der du bist 🪞🎯 
Câmbio,
Carlos E. Silva