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Beber atrapalha meu emagrecimento?
Alimentar Autonomia - Edição #042

Viajei na última semana para minha cidade natal.
Fica no interior de São Paulo, quase divisa com o Mato Grosso do Sul.
Região quente, majoritariamente agrícola e dominada pela música sertaneja.
O maior motivador da viagem fora a formatura de um primo, e a festa para celebrar a conquista.
Aproveitei o evento para visitar amigos de infância com os quais dividi meus dias por 17 anos.
Além do calor escaldante com o qual me desacostumei após 10 anos morando em Curitiba, notei uma grande diferença na minha rotina.
O álcool.
Há anos reduzi drasticamente meu consumo de álcool, não intencionalmente, mas por uma mudança de ambiente.
Compromissos laborais e uma agenda cada vez mais apertada, resultaram em uma natural redução do consumo.
Ainda mais acentuada desde que iniciei meu processo de emagrecimento (10 anos atrás).
Não parei de beber. Ao menos, não 100%.
Taças de vinho esporádicas durante jantares, ou então doses aleatórias de drinks (moscow mule, meu preferido) quando na companhia de amigos ou eventos pontuais.
Minha rotina acabou por influenciar meus hábitos.
O ambiente sempre vence.
Neste caso, positivamente.
Foram 3 dias de festividades, ingesta de álcool exagerada madrugada a dentro e noites mal dormidas.
Some isso à uma quase total inatividade física (corri no primeiro dia da viagem, mas os 30º na sombra às 8h da manhã transformaram 5km em uma meia maratona).
Ao final da viagem, me encontrava destruído.
Não existe outro adjetivo que descreva melhor a sensação que pairava em meu corpo.
O desgaste de uma ruptura da rotina me desestruturou mais do que eu previ.
A viagem de volta foi marcada por cochilos no banco do passageiro e reflexões sobre tudo que vivenciei nos dias que se passaram.
Uma das perguntas que me fiz durante o trajeto, alugou um triplex na minha mente.
Logo, achei justo compartilhar com vocês:
"Eu seria mais saudável se parasse de beber?"
Desde quando bebemos?

Que tal um Choppzinho enquanto fugia de uns dinossauros??
Neste vídeo, Rod Phillips discute sobre a história do álcool e sua relação com a humanidade.
O álcool e as bebidas alcóolicas, datam de milhares de anos na sociedade.
Seu consumo esteve associado a diversas diferentes situações.
Desde a celebrações religiosas à símbolo de riqueza e status.
Os processos de produção evoluíram, a comercialização seguiu as tendências do regime capitalista, e muita coisa mudou, exceto uma: o álcool permeia nossa sociedade.
E seguindo os princípios do chamado "Efeito Lindy", seguirá conosco por muito tempo.
Não importa qual a forma com que ele se apresente.
Aquela dose de whisky quando chega do trabalho.
Aquela garrafa de vinho para acompanhar o jantar romantico.
Talvez algumas cervejas no fim de semana acompanhando o churrasco em família.
O abuso durante festas para se "enturmar" com os "amigos" da balada.
O álcool pode estar presente em diversas ocasiões no nosso dia-a-dia.
Mas a questão é:
Algo tão encrustado na nossa sociedade, é um problema para nossa saúde?
Beber pode ser o que te impede de atingir seus objetivos (de saúde ou estética)?
É mandatório que você pare de beber para mudar seu corpo?
Explorarei esse assunto de maneira bastante pessoal.
“Será que preciso dar um tempo nas bebidas?”
Você já teve um pensamento parecido?
A maioria das pessoas acredita que tenha controle sobre o álcool, e, quando questionados sobre intensidade ou quantidades, define como "normal" ou então, "moderado".
Afinal de contas o que é normal? O que é moderado?
Somos péssimos em predizer nosso consumo de álcool (assim como de comida).
Tendemos a achar que bebemos muito menos do que de fato bebemos.
É fácil justificarmos o consumo de álcool como uma moeda de troca para equilibrar tamanhos esforços em outras áreas.
"Ah, eu trabalhei demais essa semana, preciso de uma taça de vinho"
"A vida não anda boa, vou beber um pouco para me acalmar"
"Fui promovido no emprego, preciso comemorar"
Engraçado é que ele se mostra uma opção ambivalente, tanto em situações ruins como em situações boas.
Será que estamos justificando algo que não deveríamos?
Estamos apenas ignorando o "elefante branco" no meio da sala?
Não existe uma resposta simples e definitiva.
PS: Raramente existem respostas simples e definitivas...
Beber pode ser saudável?

“Meu médico quem recomendou uma taça de vinho ao dia!”
Você já deve ter ouvido alguém (profissionais da saúde) dizer que beber uma taça de vinho reduz os riscos de doenças.
Ou então, que, o consumo leve de álcool aumente a expectativa de vida.
Citam inclusive artigos científicos (o que não significa necessariamente que sejam verdades).
A produção científica aumentou de forma exponencial nos últimos anos, e, como de costume, vivemos um paradigma entre quantidade e qualidade.
É bastante difícil para olhos não treinados (e mesmo para os treinados) diferenciar bons artigos e verdadeiras referências científicas confiáveis.
Qualquer afirmação leviana pode ganhar em anexo um artigo científico que reforça sua tese (o problema é analisar a qualidade deste artigo).
Estes estudos (utilizados para defender o álcool) costumam ser observacionais e, majoritariamente incapazes de comprovar efeito causal.
Entenda, existem inúmeras maneiras mais eficazes de se reduzir os riscos de doenças cardiovasculares, como se exercitar, comer bem e não fumar.
Justificar seu consumo de álcool por algo tão marginal e hipotético, é infantil.
Não existem quantidades seguras para o consumo de álcool.
Isso não significa que devemos banir o álcool da sociedade.
Inúmeras outras coisas sem margem de consumo seguro seguem disponíveis por aí, ainda mais problemáticas que o álcool.
Se, por um lado, não temos certeza dos potenciais benefícios do consumo de álcool, temos malefícios bastante conhecidos e comprovados.
Arritmias, aumento da pressão arterial, doenças renais, risco de AVC, dependência química, distúrbios do sono, demência, susceptibilidade a infecções, alterações hormonais, doenças tireoidianas, gordura no fígado e pancreatite, aumento risco de câncer (boca, garganta, esôfago, fígado, intestino, mama e laringe).
Não contabilizamos ainda o drástico aumento de mortes violentas por causas externas, como os acidentes de trânsito ou agressões desencadeadas/intensificadas pelo consumo de álcool.

“Áiiinn, que escolha difícil”
"Pick your poison" ("escolha seu veneno").
Ao final, álcool é tecnicamente falando, um tipo de veneno que nossos corpos precisam converter em substâncias menos nocivas e trabalhar arduamente para retirar do organismo.
Não convém detalharmos esse processo, você não terá benefício algum em conhecer as enzimas e hormônios envolvidos.
Pulemos os detalhes, e entenda os princípios:
Nosso corpo transforma o álcool em outras substâncias para tolerá-lo.
Nossa capacidade de processar o álcool depende de diversos fatores (genética, etnia, idade, tamanho e peso corporal, sexo, dentre outros).
Dose importa! Apesar de todo álcool ser processado, a quantidade que ingerimos altera os danos potenciais.
Qual a dose segura?
Qual seria a dose segura que nos traria a parte boa (desinibição e riso fácil que ajudam a socializar) sem comprometer nossa saúde, emagrecimento ou estética corporal?
Repito: Não existe uma dose comprovadamente segura.
Beber é divertido

“Ninguém nunca fez amigos bebendo whey!” “Será que não?”
Todo mundo tem histórias hilárias e marcantes banhadas à álcool.
Feitos homéricos e cômicos que jamais teriam acontecido não fosse um episódio de abuso.
A pergunta que me fiz quando pensei sobre isso foi:
"Se precisei de álcool para aproveitar aquela ocasião ou a companhia daquela pessoa, será que eu realmente estava aproveitando aquilo ou a alteração de consciência que o álcool proporcionou?"
Não me entendam mal.
Não estou aqui para acabar com sua alegria, e digo mais, eu gosto de beber!
Aprecio um bom vinho (não sei identificar o ano da safra cheirando a rolha), gosto de um bom whisky servido cowboy, e tenho uma quedinha por moscow mules (primo alcóolico da minha amada torta de limão).
Só trouxe uma reflexão necessária.
Costumamos (nós e todo o ocidente do planeta) separar nosso bem estar físico de nosso estado emocional.
Entendo que a qualidade de vida e a própria definição de saúde vão além da ausência de doenças.
Isso inclui conexões sociais e por vezes, "prazeres mundanos".
O álcool traz prazer, relaxamento, criatividade e facilita conexões sociais. Inegável.
O que eu faço então? Bebo ou não bebo?
Primeiro, pare de buscar respostas simples.
Formule seus próprios pensamentos e decisões.
Se decidir beber, beba porque genuinamente deseja.
Beba quando achar que isso realmente irá lhe proporcionar prazer.
Não por estar estressado, por ser um hábito ou então porque as pessoas a sua volta estão bebendo.
Seja intencional.
Não só com o que bebe, mas com o que come, e o que faz.
Fazendo escolhas melhores

E agora, o que será que eu quero fazer?
Beber ou não beber, não é um dilema sobre saúde e doença.
É sobre escolhas.
Álcool é apenas um dentre muitos fatores que afetam sua saúde, performance e estética física.
É sobre prioridades.
Somente você pode decidir o que priorizar.
Qual o preço que está disposto a pagar pelo que deseja?
**Pratique sua habilidade em dizer "SIM" ou "NÃO":
Dizer "SIM" para um abdome definido pode significar dizer "NÃO" para aquele fardo de latinhas de cerveja no churrasco com os amigos.
Dizer "SIM" para o happy hour da sexta saindo do trabalho, pode significar dizer "NÃO" para o treino que planejou fazer no sábado de manhã.
Dizer "SIM" para a maratona que decidiu fazer ao final do ano, pode significar dizer "NÃO" para a garrafa de vinho que dividiria com sua amiga no jantar.
Dizer "SIM" para uma o copo de whisky quando chega do trabalho, pode significar dizer "NÃO" para um sono mais reparador e um dia seguinte mais produtivo.
Você entendeu.
Mas lembre-se, sempre existe um caminho do meio.
Você pode reduzir as doses que costumava consumir progressivamente.
Trocar uma caixa de cerveja por 2 ou 3 latas.
Não precisamos (nem devemos) ser extremistas em nossas decisões.
Mudanças abruptas tendem a não se sustentar.
Seres humanos não vêm com manual de instruções.
Precisamos escrever nosso próprio livro de regras conforme vivemos e descobrimos mais sobre nós mesmos.
Crie suas próprias regras. Experimente, encontre o que é equilíbrio para você!
SIM! Emagrecer atrapalha seu emagrecimento
Álcool em todas as suas preparações possuem calorias.
Calorias estas que se somam à sua alimentação, podendo diminuir ou até mesmo negativar seu déficit calórico.
Beber não vai ajudar no seu emagrecimento e pode, potencialmente, atrapalhar.
O que fazer agora?
Conselhos são sempre autobiográficos.
Abaixo a lista de passos que decidi revisitar para elucidar e definir minhas próprias "diretrizes":
1. Observe seus hábitos
Monitore a frequência, quantidade e ocasiões em que consome álcool.
Ter clareza pode te trazer insights sobre um desalinhamento entre sua rotina e seus objetivos.
Não precisa ser algo declarado, faça mudanças por você, não pelos outros.
Não precisa vestir a camisa do "eu não bebo mais".
Apenas seja intencional.
Revise as informações que obter. Pergunte-se:
Estou bebendo mais do que eu pensava?
Existe alguma situação que desencadeia o consumo de álcool?
Quais os padrões relacionados à bebida em minha rotina?
O álcool tem de fato, me trazido bons momentos?
Quem está ao meu lado nestes momentos?
Quais as consequências recorrentes quando consumo álcool?
2. Perceba como o álcool afeta seu corpo
Monitore seu bem-estar, desempenho físico (treinos), dores e outros sintomas.
Como você se sente quando bebe? E no dia seguinte?
Atenção para sintomas como cansaço, dor de estômago, diarreia, qualidade do sono.
Caso queira ir ainda mais longe, visite seu "médico de estimação" e faça alguns exames!
3. Perceba como o álcool afeta seus pensamentos
Pensamentos, emoções e reações também são influenciados pelo consumo de álcool.
Não só por ele, mas por nosso alimento, atividade física e tudo que consumimos.
Analise todo o impacto que sua rotina traz à sua perspectiva de vida.
Você se sente no controle do álcool ou ele é quem te controla?
Como você se sentiria caso fosse obrigado a ficar sem beber por um mês?
O velho e famigerado "Não sou viciado, eu paro quando quiser".
4. Revise seus "SIMs" e seus "NÃOs"
Quais são seus objetivos quando o assunto é saúde, performance física e estética?
Revise agora seus hábitos e rotinas.
Você está dizendo "SIM" para os que estão alinhados aos seus objetivos?
Quais desses "SIMs" precisam se transformar em "NÃOs"?
Você está preparado para dizer estes "NÃOs"?
Mais uma vez, não existe certo e errado aqui.
É uma questão de escolhas.
O único erro é seguir com hábitos e rotinas desalinhados aos seus objetivos.
Se este for o seu caso, entenda, um deles precisa mudar...
5. Desligue o piloto automático
Um ponto chave quando falamos sobre mudança de comportamento, é trazer consciência.
Quando paramos ativamente para pensar sobre e refletir sobre um assunto, botamos energia e atenção naquela área.
Isso tira a tomada de decisões envolvidas do piloto automático e nos obriga a racionalmente decidir em favor a algo.
Crie atrito às situações que desencadeiam o consumo de álcool
Não compre e/ou não tenha bebidas em casa.
Não aceite convites para bares e troque eles por cafés ou almoços.
Reduza o convívio com pessoas que bebem (infelizmente, somos influenciados por quem está a nossa volta, algumas pessoas simplesmente não são compatíveis com o que queremos para nossa vida).
Pratique exercícios regularmente (acredite, você pensará duas vezes antes de beber quando lembrar que amanhã vai correr cedo).
Substitua quantidade por qualidade: gosta de vinho? Que tal investir em uma garrafa de melhor qualidade e tomar uma taça ao invés de tomar duas garrafas daquele vinho barato?
6. Peça ajuda
Mudanças são sempre mais fáceis quando temos suporte.
Ele pode vir de amigos, família ou até mesmo profissionais de saúde.
Considere buscar ajuda caso se sinta incapaz de mudar sozinho.
Responda a este e-mail caso sinta que é a hora de pedir ajuda!
7. Aproveite seus momentos e honre suas escolhas.
Caso escolha beber, aproveite!
Desfrute o bom das suas escolhas.
Não recrimine-se depois de o "álcool derramado".
Esteja presente ao momento e, preferencialmente, em boa companhia.
📍 🥵 "Skin in the Game":


Expectativa: ganho massa magra
Realidade: ganho de peso geral e perda de definição.
📝 Último mês conturbado. A virada de ano fora menos problemática, mas a viagem recente constou com bastante abusos. Álcool, noites mal dormidas e falta de treino. Resultado: +3kg na balança. Boa parte provém de retenção hídrica que ocorreu pelos mesmos motivos acima, mas a percepção de satisfação corporal piorou bastante no espelho. Solução? Retomar a rotina, e ter paciência para que o corpo responda ao planejamento.
⏬ 🧠 "Download Mental":
Série baseada nos quadrinhos de mesmo nome, que inclusive, foram ilustrados por um brasileiro! Conta a história de uma família disfuncional intensificada por poderes sobrenaturais e viagens no tempo. Ficção bastante realística, na minha opinião.
💚 ☕ 🍋 Torta de (C)limão

Imagine que cada coisa que te inspira, é uma “sementinha”.
Já parou para pensar que podemos adubar essas sementinhas e criar um jardim completamente nosso?
Cada fonte de inspiração pode ser o motivador de uma pequena mudança na sua rotina.
Construindo dessa forma uma versão sua aprimorada, única e autoral.
Quem te inspira? Por que?
"O que posso transformar em um hábito viável na minha realidade baseado nessa fonte de inspiração?"
🫵🏽 Caso faça sentido para você:
🥇 Está cansado de seguir dietas mirabolantes e de não alcançar seus objetivos? Você não precisa enfrentar esse desafio sozinho.
📍🗓 Agende sua consulta AQUI.
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Werde der du bist 🪞🎯
Câmbio,
Carlos E. Silva
