• Alimentar Autonomia
  • Posts
  • Síndrome do Óculos Fundo de Garrafa: Imediatismo, frustrações e como lidar com eles

Síndrome do Óculos Fundo de Garrafa: Imediatismo, frustrações e como lidar com eles

Alimentar Autonomia - Edição #008

Olá, como vai você?

O que teremos nessa edição:

- "Síndrome do Óculos Fundo de Garrafa"
- A evolução do Imediatismo
- Frustrações de um velho rabugento
- Como lidar com ambos
- O rotineiro:
- Download Mental: Recomendação de conteúdo
- "Skin in the Game": Prestação de contas
- "Torta de (C)limão": Uma provocação

É uma segunda-feira chuvosa e fria em Curitiba. Estou na rua, indo para a academia, são pouco mais de 13h.

As ruas estão movimentadas nesse horário do dia, em especial, nos entornos do shopping que cruzo no caminho.

A maioria das pessoas que trabalha na região busca o local para almoçar e não é raro topar com alguns grupos apreciando um café pós refeição e conversando na frente/saída dos restaurantes.

Escuto um trecho da conversa de um destes grupos. Não tive a intenção, mas a frase me chamou a atenção e me fez refletir pelo resto do caminho que segui.

_ "Ah! É impossível ter um corpo desses na vida real."

Disse uma garota que aparentava ter 20 anos de idade ao olhar para a TV onde uma reportagem sobre alguma blogueira fitness era exibida.

_ "Sim, ela não trabalha e vive disso né."

Concorda a amiga.

_ "Comecei uma dieta nova hoje, tenho o casamento da Fulana e quero usar o vestido que usei na minha formatura da faculdade".

Existem infinitas nuances nesse recorte de diálogo e, longe de mim, julgar (julgando horrores em silêncio) a veracidade ou motivos escondidos por trás de cada uma das frases.

Não as conheço. Não ouvi a conversa por inteiro. Não sei nem quem é a tal influencer que a reportagem mostrava.

A única coisa que podia afirmar era que se tratava de mais um caso da "**Síndrome do Óculos Fundo de Garrafa**".

O que é uma síndrome?

Na medicina, consideramos como "síndrome" um conjunto de sinais e sintomas que caracterizem ou sugiram uma doença específica. Calma, eu não descobri uma nova doença e essa não é uma síndrome médica real!

A nomenclatura é só para facilitar a identificação de um processo recorrente que identifiquei ao lidar com diversos pacientes em processo de emagrecimento. Tive ajuda dos meus pacientes nesse "diagnóstico". Já que após reviver inúmeras vezes a mesma situação indiretamente através deles, pude perceber que eu próprio sofria desse mal.

A "Síndrome do Óculos Fundo de Garrafa"

O que chamo de "Síndrome do Óculos Fundo de Garrafa" é a inabilidade que temos de prever resultados futuros. Tendemos a superestimar os resultados de curto prazo, e a subestimar os resultados no longo prazo. É confuso num primeiro momento, então repito:

SUPERestimamos nossa capacidade no CURTO prazo, e,

SUBestimamos nossa capacidade no LONGO prazo.

É como usar o fundo de uma garrafa de vidro como óculos:

  • Ele amplia tanto a imagem do que está perto, que torna o objeto absurdamente maior do que é na realidade. Funciona como uma lupa superpoderosa!

  • Ele distorce a imagem do que está longe, tornando impossível se ver com nitidez o que está muito a nossa frente.

Fazemos isso quando pensamos nos resultados que queremos em nossas vidas (não só no processo de emagrecimento).

Esperamos resultados absurdos e irreais em um curto espaço de tempo, mas, ao mesmo tempo, desacreditamos da nossa capacidade de obter grandes resultados no longo prazo. Contraditório né?

Na prática, é como nossa amiga cuja conversa eu ouvi sem permissão: queremos perder 5 kg até o final do mês para entrar numa roupa que não nos serve a pelo menos 3 anos. Mas não acreditamos ser possível atingir um corpo bonito, magro e forte se mantivermos uma rotina de treinos e alimentação regrados por um período mais longo de tempo.

Por que isso acontece?

A Origem:

O melhor de todos os tempos

Nasci em junho de 1990, mesmo ano em que foi lançado o Super Nintendo. Mesma década em que foi instituída a "World Wide Web" que transformou a internet em uma plataforma global (daí o "www" que usamos no início dos sites).

Completo 34 anos em menos de um mês. Pertenço a uma geração que vivenciou algumas das mais importantes descobertas e avanços tecnológicos da história da humanidade. Além de uma acelerada expansão dos conhecimentos em diversas áreas.

Vivenciamos a telemedicina ganhando espaço, possibilitando consultas remotas ampliando o acesso à saúde. Cirurgias realizadas por robôs, chips com inteligência artificial sendo implantados nos cérebros das pessoas. O que antes parecia ficção científica se tornou realidade.

Ao mesmo tempo, ficamos marcados pela expansão das redes de fast-food e serviços de pronta entrega de qualquer coisa. Não sabemos esperar. Não conseguimos esperar.

Quem já se pegou ansioso esperando um miojo ficar pronto? ("são só 3 minutos")

Competição por atenção e o imediatismo recompensado

A industrialização e a facilitação do acesso a quase tudo criou uma concorrência por nossa atenção.

Queremos mais. Queremos mais rápido.

Analisemos os padrões de "evolução" de algumas áreas. Como o estudo ou busca de informação em geral.

A coleção completa: 18 volumes e 10 mil páginas (custava uma fortuna)

Antigamente, quando você tinha um trabalho da escola, ou da faculdade (a depender de quão velho você é), recorria-se a livros e enciclopédias. Fui abençoado com uma mãe professora, então minha casa tinha uma "biblioteca" acima da média. Tínhamos livros de diversas áreas e certa facilidade de acesso à informação.

Pouco tempo depois, as horas e horas de pesquisas sobre diversos assuntos pode ser substituída por uma simples pesquisa no Google. Uma simples frase trazia infinitas referências. Blogs e sites das mais diversas nacionalidades sobre o tema.

Hoje, duvido que alunos do ensino fundamental (se é que ainda existe essa nomenclatura) façam qualquer tarefa de casa sem recorrer ao chatGPT.

Diversas outras áreas foram afetadas pelas tecnologias e o imediatismo humano crescente correlacionado a elas. O lazer também foi impactado e sofreu mudanças.

A leitura de um livro costuma levar entre alguns dias a poucas semanas, a depender do tamanho e complexidade. Assistir ao filme ou documentário gravado sobre o mesmo, geralmente não leva mais do que poucas horas.

O YouTube foi criado em 2005 e desde então, a facilidade de se criar e a popularização de vídeos aumentou. Encontra-se qualquer coisa na plataforma. Inicialmente os vídeos eram mais longos (15 - 20 minutos), mas tenho notado uma mudança de padrão. Hoje, os chamados "cortes" tem poucos segundos e compreendem grande parte do conteúdo.

No Instagram os chamados "reels" permitem 90 segundos de gravação e no X, antigo Twitter, as postagens eram limitadas a 140 caracteres (280 atualmente).

O padrão e evolução do consumo das mídias sociais reflete a isso. São causa/consequência diretas de como nos tornamos impacientes e imediatistas.

Por padrão, nelas temos acesso ao que há de "melhor", "mais bonito" em segundos. A problemática é isso criou uma competição por nossa atenção. Ganha o "melhor e mais bonito".

O resultado: feeds que mais parecem uma metralhadora de realidades distorcidas que se transformam silenciosamente em padrões de desejo inatingíveis.

Nem mesmo os gamers escaparam

Não sou um grande fã de cinema ou mídias sociais, nunca fui. Por outro lado, posso ser considerado o que chamam de "gamer". Gosto de jogos desde que me entendo por gente.

Jogos de tabuleiro, cartas e quaisquer outro tipo. Me lembro como se fosse ontem quando ganhamos do meu pai nosso primeiro video-game. Um Super Nintendo igual àquele da foto anterior, guardado até hoje em perfeito estado de conservação.

Foi paixão a primeira vista. Todo o resto perdeu cor e só aquilo parecia importar. A ideia de ter acesso a dezenas de jogos trocando apenas a "fita" que se colocava gerava uma infinidade de opções.

Mas, nem mesmo o mundo introspectivo dos gamers ficou a salvo. Os jogos mudaram e passaram a seguir o padrão de consumo padrão. Se tornaram mais rápidos e fáceis, para saciar o apetite voraz do consumidor.

Não, eu nunca usei uma roupa de mago

Tive uma conversa recente sobre isso com alguns amigos dessa comunidade. Falávamos sobre os jogos mais antigos com tom saudosista. Os mais velhos se lembram dos pioneiros "RPG" (role-playing game) de mesa, jogados em grupos, lentos, narrativos e criativos.

Já com a difusão da internet vieram os "MMORPG" (massive multiplayer online RPG): mais acelerados e em tempo real, porém ainda exigentes no quesito empenho tendo uma progressão lenta e sofrida dos personagens.

Até mesmo os clássicos jogos de mundo aberto como "GTA", "Red Dead Redemption" e "The Witcher 3: Wild Hunt". Clássicos por permitirem uma liberdade de ação, mas continham longas missões a serem completadas pacientemente.

Nos últimos anos, os jogos de celular tomaram conta do mercado. Rápidos, fáceis e acelerados. Angry Birds, Candy Crush e Clash Royale têm partidas que não duram mais que poucos minutos.

Todos parecem perceber uma mudança nos jogos. Mais rápidos e mais fáceis, como que recompensando o jogador pela mediocridade.

Velho saudosista ou crítico de um futuro questionável?

Qualquer semelhança com Eustáquio é mera coincidência

Não me entenda mal, sou um grande entusiasta de novas tecnologias. Mas gosto de refletir sobre como cada uma delas altera nosso processo de pensar.

Me preocupa como certas facilidades fazem com que percamos habilidades ao invés de otimizar nossas capacidades.

No livro "Ansiedade, O Mal do Século" publicado em 2013, Augusto Cury, psiquiatra e psicoterapeuta aborda a Síndrome do Pensamento Acelerado (essa é "real", medicamente falando, apesar de não estar listada no CID-11 ou no DSM-5). Além de trazer diversas estratégias para lidar com ela.

O que podemos fazer para evitar a "Síndrome do Óculos Fundo de Garrafa"?

"Conselhos são sempre auto-biográficos."

Austin Kleon

Adoro a frase acima. Recomendo os livros do autor, inclusive.

Concordo com a ideia de que nossos conselhos são baseados em como lidamos com as coisas. Logo, essa é minha estratégia para fugir da "miopia" ao determinar metas:

Treine seu cérebro com recompensas não imediatas

Reduzir, limitar e moldar seu consumo de mídias sociais é um bom começo. Você não precisa deletar todas as suas contas e fugir para dentro de uma caverna. Mas recomendo que controle o uso.

Restringir o acesso ao Instagram via notebook resolveu para mim. Deletei o aplicativo do celular, mas mantive a conta ativa. Ele funciona muito mal na versão online via navegador, logo, você não fica preso no feed de atualização automática ou reels intermináveis. Utilizo esporadicamente quando estou no computador (menos de 1x na semana).

Fazer uma curadoria das contas que segue também é um bom começo, se você quer ser ainda menos radical. Avalie com critério se aquele perfil te provoca qualquer sensação de inferioridade ou então, é motivo de comparações descabidas. Mantenha apenas as que de fato te trazem informação de valor e aplicável na sua realidade.

"Dieta" também compreende o tipo de informação que você consome, não só os alimentos que come.

Troque a tela pelo papel

O trocadilho não funciona tão bem para quem lê na tela do Kindle, mas você entendeu

Troque a TV e o celular por um livro. Leia mais. Qualquer coisa. Ficção ou não ficção. Temas aleatórios que te interessem. Não importa.

Ler é barato, acessível e consideravelmente mais lento. Te obriga a se concentrar, compreender trecho por trecho, página por página, até a construção de um pensamento.

Transforme o hábito num ritual. Costumo ler pela manhã, logo depois de escovar os dentes, tomar minha creatina e passar uma boa xícara de café (coado em filtro tradicional, nada de cápsulas imediatistas de expresso e café ruim).

Escreva

Você não precisa criar uma newsletter ou lançar um livro para escrever.

Uma das características comuns as pessoas ansiosas é o pensamento acelerado.

Apesar de não me considerar alguém ansioso, é bastante comum eu me pegar perdido em pensamentos diversos em momentos inoportunos. Escrever tem me ajudado.

Descobri a prática num texto em inglês. O chamado "journaling" era proposto como um exercício criativo de escrita livre sobre o que quer que viesse a mente. Não dei muita importância no início e confesso, fui relutante a pôr em prática.

Atualmente mantenho algumas formas de registro no estilo "diário". Aperfeiçoei a prática e adaptei para minha realidade.

O objetivo é tirar suas ideias do plano imaginário que habita sua mente e colocá-las no papel, organizando-as e posteriormente te dando a oportunidade de avaliá-las a certa distância de segurança.

Funciona como uma "desfragmentação" do seu cérebro, igual a que fazemos no computador periodicamente (ou pelo menos deveríamos).

Exercite-se

Não é só a perda de peso que se torna mais fácil quando nos exercitamos. Inclusive, ouso dizer que o emagrecimento é um dos menores benefícios do exercício físico.

Mexer nosso corpo ajuda a aliviar a sensação de frustração que temos quando não alcançamos um objetivo específico. Como quando você sente que sua perda de peso está "travada" só porque o número não mudou na balança.

Perdi as contas de quantas vezes voltei melhor depois de uma simples caminhada.

Descanse

Quando se sentir cansado de uma rotina ou do esforço repetitivo que está empregando em seus objetivos, tire um dia de folga.

Pode ser uma soneca de tarde, um dia comendo livremente sem se preocupar coma dieta ou até um viagem curta no fina de semana.

Consistência é sobre quão longe você mantém um hábito, não sobre quão intenso você é. Falamos bastante disso na edição 002.

Revise

Gosto muito de manter registros sobre quase tudo. Tornou-se um hábito.

Aprendi a recorrer a esses registros sempre que me sinto impaciente.

Registros de qualidade de sono do último mês

Na última semana, meu peso subiu na balança. Você pode conferir na sessão "Skin in the Game" da última edição

Não vou mentir que me senti impaciente e frustrado num primeiro momento. O que eu fiz? Revisei todo meu planejamento. Refiz cálculos nutricionais e revisei meus registros de alimentação e treino.

É como avaliar os registros de movimentações na sua conta bancária. Te trás clareza sobre o que aconteceu até aquele momento, e facilita o planejamento dos próximos passos necessários.

Isso me acalmou e me fez ter paciência de seguir no planejamento. Os resultados novos, você encontra logo a seguir.

Relembre seu "Porquê"

Quando nada mais funcionar e você ainda se sentir desmotivado, apele para sua motivação inicial.

Mantenha os seus motivos bem claros e definidos. Se possível, escreva-o em um lugar de fácil acesso ou então compartilhe com alguém que tenha objetivos parecidos.

E por fim, mas não menos importante. Lembre-se:

Procurar ajuda profissional é sempre uma opção.

"Download Mental":

🎮 The Elder Scrolls V: Skyrim

Após anos sem jogá-lo, resolvi investir um tempo de lazer nele durante os últimos dias. Skyrim é antigo (2011), porém um clássico (atual e jogado até hoje). Está disponível na Steam (plataforma de jogos) e permite que você crie um personagem num universo fictício onde dragões voltaram a existir. O contexto fantasioso não importa, o que importa é que o jogo te dá liberdade de criação do personagem num nível visto em poucos concorrentes.

Você pode se especializar em qualquer uma das 18 áreas de habilidades. Ficar muito bom em apenas uma ou dividir os pontos entre todas elas como quiser. A única limitação é que, um atributo só evolui/melhora se utilizado na prática!

Gosto muito do conceito porque mimetiza a vida real. Qualquer habilidade, por pior que pareçamos ser, pode ser melhorada. Com uma limitação: você precisa investir "pontos" nela.

"Skin in the Game":

"Recuperação mágica" com diminuição de 1,7 kg na balança. Suficiente para compensar com folga o aumento de 1.2 kg da semana passada. Mas como assim? Você engordou e emagreceu mais de um quilo num intervalo de uma semana? Calma, calma, abaixo discutimos sobre esse efeito "sanfona".

🎲 Dados:

Idade: 33 anos (quase 34 🥳)
Altura: 1.83 cm
Peso: 87.6 kg
BF: 17.5%
IMC: 26.2 (Sobrepeso)

🧩 Modificadores:

Atividade Física: Crossfit 1h/dia, 5x semana (Moderadamente Ativo)
Objetivo: Perda de Peso (Déficit Calórico 10%)
Estratégia Nutricional: Dieta Flexível
Quantidade de PTN: 2.2g/kg corporal
FAT/CHO: 1:1

🎯 Metas Diárias:

BMR: 1874 cal
TDEE: 2905 cal

Expectativa:

Calorias: 2682
Macros:
PTN: 31% = 205 g

Realidade:

Calorias: 2607
Macros:
PTN: 23% = 149 g

📈 Observações:

Avaliação de métricas no longo prazo reforçam a afirmação feita na semana passada:

O emagrecimento não é linear. Valores isolados ou a análise de janelas curtas de tempo podem te levar a interpretações equivocadas.

Queda significativa do consumo de PTN essa semana. Acabei comendo mais vezes fora de casa do que o costume, o que dificulta manter uma ingesta adequada de PTN.

💚 ☕ 🍋 Torta de (C)limão

Primo russo da torta de limão, o Moscow Mule é meu drink favorito. Limão e espuma de gengibre regados a muito açúcar e vodka. É uma receita polêmica e requer ainda mais moderação que a própria versão em sobremesa. Essa semana um evento raro ocorreu, saí de casa! Troquei o doce por comidinhas de boteco e um drink. Sem grandes prejuízos na estratégia de macros.

O escolhido foi um bar que até então não conhecia. Ambiente agradável, me fez recordar muito da época de faculdade no interior do Rio de Janeiro. O "sousplat" me chamou atenção, aquele papel que vai embaixo dos pratos em restaurantes (cada edição aprendo uma palavra nova).

Várias frases clássicas e filosofias de boteco, mas uma delas me fisgou a atenção:

"Qual a sua responsabilidade na desordem da qual você se queixa?”

Caso faça sentido para você:

  1. 🥇 Está cansado de seguir dietas mirabolantes e de não alcançar seus objetivos? Você não precisa enfrentar esse desafio sozinho.

    📍🗓 Agende sua consulta AQUI.

  2. 🥈 Recebeu este e-mail de alguém? Cadastre-se e receba as próximas edições direto na sua caixa de entrada!

  3. 🥉 Gostou do conteúdo? Compartilhe com alguém que pode gostar também!

Werde der du bist 🪞🎯 
Câmbio,
Carlos E. Silva